Bolívia derrota Brasil 1 a 0 e envia Ancelotti à primeira derrota na história como técnico da Seleção

Bolívia derrota Brasil 1 a 0 e envia Ancelotti à primeira derrota na história como técnico da Seleção
novembro 15 2025 Thalyta Selvatici Machado

Na terça-feira, 9 de setembro de 2025, um dos maiores choques da história das eliminatórias sul-americanas aconteceu em solo boliviano: Bolívia venceu o Brasil por 1 a 0, em partida válida pela última rodada das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. O gol da vitória foi marcado por Miguel Terceros, que converteu uma penalidade no primeiro tempo. O resultado não só garantiu à Bolívia uma vaga no playoff intercontinental, mas também impôs a Carlo Ancelotti — recém-chegado à seleção — sua primeira derrota como técnico da Seleção Brasileira.

Um gol, uma revolução

O gol de Terceros, aos 45 minutos, foi o único momento de clareza em uma partida marcada por pressão, erros e uma defesa boliviana impecável. O atacante, que joga no Club Bolívar, aproveitou um erro de marcação da zaga brasileira e cobrou com frieza, enganando o goleiro Ederson. A partir daí, o estádio em La Paz — a 3.600 metros de altitude — explodiu. O clima era de caos controlado: torcedores vestidos de amarelo e vermelho abraçavam-se, gritavam nomes de jogadores que, há pouco tempo, eram considerados meros figurantes no futebol sul-americano.

Quem imaginava que a Bolívia, com apenas 20 pontos em 18 jogos e um saldo de gols negativo de 18, poderia derrotar o Brasil, líder histórico de títulos mundiais? Ninguém. Mas o futebol, às vezes, não obedece aos rankings. O Brasil entrou em campo com a missão de garantir o quinto lugar, e conseguiu — mas a preço de um trauma coletivo. A equipe de Ancelotti teve 65% de posse de bola, 18 chutes (sete no alvo), mas falhou em transformar oportunidades em gols. O momento mais dramático veio aos 95 minutos, quando Raphinha, do Barcelona, disparou uma bomba de esquerda. A bola parecia certa. Até que Carlos Lampe, o goleiro boliviano de 34 anos, fez uma defesa que entrará para os livros de história. O reflexo foi de outro mundo.

Um treinador em crise

Ancelotti, ex-técnico do Real Madrid e da AC Milan, assumiu a seleção apenas nas últimas quatro partidas das eliminatórias. Sua chegada foi vista como um sinal de que a CBF queria trazer experiência europeia para um time que vinha se desgastando sob técnicos nacionais. Mas os números não mentem: em quatro jogos, ele teve dois empates, uma vitória e agora, esta derrota histórica. Uma taxa de aproveitamento de 52% — a pior da história do Brasil em campanhas de classificação. Para se ter ideia, na campanha de 2002, quando o Brasil venceu a Copa, o aproveitamento foi de 56%. E mesmo assim, aquele time foi campeão. Agora, o time que venceu em 2002 é lembrado como lendário. O time de 2025? É visto como um fracasso.

“Nós não jogamos mal”, disse Ancelotti após o jogo, com a voz pesada. “Mas faltou inteligência, faltou decisão. E quando você enfrenta uma equipe que joga com o coração, como a Bolívia, isso pesa.” Ele não escondeu a frustração. “Não é o fim do mundo. Mas é o fim de uma era. E nós precisamos entender isso.”

Brasil: o quinto lugar que não é vitória

Brasil: o quinto lugar que não é vitória

O Brasil terminou em quinto lugar na tabela, com 28 pontos, atrás de Argentina (38), Uruguai (28), Colômbia (28) e Equador (29). Ficou atrás de todos por saldo de gols — +7 contra +9 do Equador. A classificação foi definida com o resultado de Colômbia x Venezuela, que garantiu à Bolívia a sexta posição. Ainda assim, a sensação é de derrota. Não por não se classificar — mas por como se classificou. O Brasil, que já foi sinônimo de domínio, agora precisa se contentar com uma vaga no playoff. E o que é pior: não fez nada para merecer isso.

As estatísticas são assustadoras: 6 derrotas em 18 jogos, 12 gols marcados, 19 sofridos. O pior desempenho defensivo desde 1994. E a pressão sobre a CBF cresce. Afinal, o que aconteceu com um time que tinha Neymar, Vinícius Jr., Rodrygo, Endrick e um elenco recheado de jogadores de alto nível? A resposta é simples: falta de identidade. E de liderança.

Bolívia: o milagre que não era impossível

A Bolívia, por outro lado, viveu o momento mais feliz de sua história recente. Com apenas seis vitórias em 18 jogos, a equipe de Óscar “Tato” Sánchez superou as expectativas. O time, formado por jogadores da liga local e alguns expatriados, jogou com coragem, organização e um espírito coletivo raro no futebol moderno. Terceros, o herói do gol, não é um astro. É um jogador que, há dois anos, jogava na segunda divisão. Agora, é o nome que todos cantam nas ruas de La Paz.

“Isso não é sorte”, disse o técnico Sánchez, com os olhos marejados. “É trabalho. É respeito. É acreditar que, mesmo sendo pequenos, podemos vencer gigantes.” A Bolívia agora enfrentará um time de outra confederação — provavelmente da Oceania ou da Ásia — em um jogo único, em casa, para tentar alcançar a Copa do Mundo. É o seu primeiro playoff desde 2010. E desta vez, acredita-se que eles podem ir mais longe.

O que vem a seguir?

O que vem a seguir?

Ancelotti permanecerá no cargo. A CBF já confirmou que ele comandará os amistosos de novembro contra Senegal, em Londres, e Tunísia, em Lille. Mas a pressão é imensa. Os torcedores querem mudanças. Os jornalistas pedem explicações. E os jogadores? Eles estão em silêncio. O time precisa de uma reformulação completa. A idade média está alta. A liderança, frágil. A identidade, ausente.

Enquanto isso, a Bolívia celebra. E espera. O futebol mudou. O mundo viu que, mesmo com poucos recursos, a paixão pode derrubar impérios. E talvez, só talvez, isso seja o começo de algo maior.

Frequently Asked Questions

Como a Bolívia conseguiu se classificar para o playoff com apenas 20 pontos?

A Bolívia classificou-se em sexto lugar por ter um saldo de gols melhor que o Chile, que terminou em último com 11 pontos. Embora tenha perdido 10 jogos, a equipe venceu confrontos diretos importantes, como contra a Venezuela e o Peru, e aproveitou bem os empates fora de casa. O resultado da Colômbia contra a Venezuela, que terminou 3-1, foi o que fechou a classificação, garantindo à Bolívia a vaga no playoff intercontinental.

Por que a derrota para a Bolívia é considerada a pior campanha da história do Brasil?

O Brasil nunca havia terminado uma campanha de classificação com apenas 52% de aproveitamento (28 pontos em 54 possíveis). A campanha anterior mais fraca foi em 2002, com 56%. Além disso, foi a primeira vez desde 1994 que o Brasil perdeu para a Bolívia em eliminatórias — e a primeira vez que perdeu em casa da Bolívia desde 1985. A combinação de resultados ruins, falta de inspiração e derrota histórica torna esta a pior campanha em termos de desempenho e impacto psicológico.

Quem é Carlos Lampe e por que ele se tornou herói?

Carlos Daniel Lampe Heredia, 34 anos, é o goleiro titular da Bolívia desde 2017 e atua pelo Club Bolívar. Conhecido por sua agilidade e liderança, ele fez 12 defesas na partida contra o Brasil, incluindo a salvação decisiva contra Raphinha no fim do jogo. É o segundo goleiro mais velho a defender a seleção boliviana em uma eliminatória, e sua atuação foi comparada à de Dida em 2006 — quando o Brasil venceu a Itália por 2-1 com uma defesa heróica.

O que acontece agora com a Seleção Brasileira?

Ancelotti permanece no cargo, mas a pressão aumenta. A CBF já iniciou uma avaliação interna sobre a estrutura da seleção, com foco na renovação do elenco e na contratação de um coordenador técnico. Os amistosos de novembro contra Senegal e Tunísia serão testes cruciais. Jogadores como Endrick e Vinícius Jr. devem assumir mais responsabilidade, mas a ausência de um líder natural no vestiário é um problema sério. Muitos torcedores já pedem a volta de Tite.

Qual é o próximo adversário da Bolívia no playoff?

A Bolívia enfrentará o quinto colocado da CONCACAF — provavelmente Canadá, Estados Unidos ou Jamaica — em um jogo único, em casa, em março de 2026. A partida será realizada em La Paz, o que dá à Bolívia uma vantagem significativa por causa da altitude. A equipe tem chance real de avançar, especialmente se mantiver a mesma organização defensiva e aproveitar o apoio da torcida. É a melhor oportunidade da Bolívia de chegar a uma Copa do Mundo desde 1994.

Por que o estádio em La Paz é tão difícil para visitantes?

La Paz fica a 3.600 metros acima do nível do mar, o que reduz a quantidade de oxigênio disponível em cerca de 35%. Jogadores de outras equipes sofrem com falta de fôlego, tontura e cãibras. A Bolívia já venceu o Brasil em La Paz em 1993 e 2009, e sempre foi difícil para qualquer time estrangeiro vencer ali. O clima, a altitude e a paixão da torcida criam um ambiente quase impossível — e foi exatamente isso que a Bolívia usou a seu favor.

20 Comentários

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    Suellen Cook

    novembro 17, 2025 AT 13:09

    A derrota foi histórica mas não surpreendente. O Brasil perdeu a alma do futebol há anos. Não é culpa do Ancelotti, é culpa de uma geração que só sabe jogar com o celular na mão e não com o coração. A CBF prefere celebrar estatísticas a cultivar identidade. E agora? Vão contratar outro técnico europeu e esperar milagre? O futebol não é um PowerPoint.

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    Wagner Wagão

    novembro 18, 2025 AT 19:28

    Se olharmos com calma, a Bolívia não teve sorte. Ela teve organização, disciplina e coragem. O Brasil tinha mais posse, mais jogadores talentosos, mas não tinha unidade. O que mais dói é ver que o time não sabia como sofrer. Não sabia como lutar. O futebol moderno ensina a dominar, mas esquece de ensinar a sofrer. E quando você não sabe sofrer, perde até contra times que jogam com o pé no chão.

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    Joseph Fraschetti

    novembro 20, 2025 AT 02:06

    Como assim a Bolívia tem 20 pontos? Não era mais que isso? Achei que era 28. Alguém pode explicar direito?

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    Alexsandra Andrade

    novembro 21, 2025 AT 11:53

    Eu chorei quando o Lampe salvou aquela bola. Não é só técnica, é alma. E quando o Terceros marcou, eu lembrei do meu pai me levando ao estádio em 98. Aquele sentimento de acreditar no impossível. O Brasil esqueceu disso. A Bolívia lembrou. E isso é mais importante que qualquer título.

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    Nicoly Ferraro

    novembro 22, 2025 AT 03:39

    Eu tô aqui pra dizer que não é só futebol. É um reflexo da sociedade. Ninguém mais acredita em trabalho duro. Todo mundo quer saída fácil. O Brasil queria ganhar sem suar. A Bolívia suou, sofreu, e ganhou. E isso é lindo. ❤️

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    isaela matos

    novembro 23, 2025 AT 09:06

    Então o Ancelotti é o novo Dunga? Tinha que ter contratado o Tite de volta. Isso é vergonha nacional. O Brasil não merece nem playoff. O Neymar tá de férias? O Vinícius tá só fingindo que joga? Tudo isso é uma piada.

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    Carla Kaluca

    novembro 24, 2025 AT 02:33

    essa derrota foi a pior da historia do brasil? qnd foi q o brasil perdeu p/ a bolivia em la paz? 1985? isso ta errado, foi 1993 e 2009 tbm. e 28 pontos? a campanha do 2002 foi 28 tbm. o texto ta cheio de erro. mas o pior é q o brasil ta mesmo ruim. mas nao é o ancilotti, é o sistema.

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    TATIANE FOLCHINI

    novembro 25, 2025 AT 21:20

    Se o Brasil não se classificou direto, então o que o Neymar tá fazendo? Será que ele tá pensando em trocar de seleção? E o Endrick? Ele tá só de passagem? Não tá nem aí? É isso que queremos? Um time de estrelas sem líder? Isso é traição.

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    Luana Karen

    novembro 27, 2025 AT 14:34

    Às vezes, a derrota é a única coisa que pode acordar um gigante. O Brasil não perdeu por falta de talento. Perdeu por falta de propósito. A Bolívia não tem dinheiro, não tem estrutura, mas tem um povo que acredita. E isso, mais do que qualquer técnico ou contrato, é o que move o futebol. Talvez essa derrota seja o primeiro passo para uma nova identidade. Não é o fim. É o começo de um novo tipo de futebol. Um futebol que não se vende, mas se vive.

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    Luiz Felipe Alves

    novembro 27, 2025 AT 18:42

    As estatísticas não mentem, mas também não explicam tudo. O Brasil teve 18 chutes, 65% de posse, mas não teve intenção. Não teve urgência. O que a Bolívia fez foi aplicar o conceito de ‘futebol de pressão alta’ com inteligência tática. O sistema de 4-4-2 de Sánchez foi perfeito. O Brasil jogava como se estivesse em um treino de amistoso. E isso, meu amigo, é o que mata. Não é o jogador. É a mentalidade.

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    Ana Carolina Campos Teixeira

    novembro 29, 2025 AT 17:43

    É lamentável que a imprensa brasileira continue a glorificar o conceito de ‘gigante’ enquanto o time apresenta uma performance abaixo da média. A CBF demonstra uma incapacidade crônica de adaptação. O futebol moderno exige estrutura, não nomes. Ancelotti é um nome. Mas nome não vence jogos. Estratégia vence.

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    Stephane Paula Sousa

    novembro 30, 2025 AT 20:10

    o futebol é como a vida. voce pode ter tudo e ainda perder. porque o que importa nao é o que voce tem mas o que voce faz com o que tem. a bolivia nao tinha nada. mas fez tudo. o brasil tinha tudo e fez nada. e agora? agora a gente tem que olhar pra dentro. nao pra fora. nao pro ancilotti. nao pro neymar. pra gente. pra nossa alma.

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    Edilaine Diniz

    dezembro 1, 2025 AT 13:32

    Eu não sou torcedor do Brasil, mas isso me tocou. A Bolívia merece. E o Brasil... vai ter que se reconstruir. Não com mais contratações. Mas com mais humildade. Acho que esse time precisa de um novo líder. Alguém que não seja só técnico, mas que consiga unir. Acho que é isso que tá faltando.

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    Thiago Silva

    dezembro 2, 2025 AT 09:04

    Isso aqui é o fim da linha. O Brasil é um time de plástico. Todo mundo fala de talento, mas ninguém fala de coragem. O que aconteceu em La Paz? O time se rendeu antes da bola rolar. O Ancelotti tentou, mas não tem como consertar um time que não quer ser consertado. A CBF precisa fechar as portas e começar do zero. Com crianças. Com paixão. Com medo de perder. Porque agora? Agora o Brasil só tem vergonha.

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    Gabriel Matelo

    dezembro 2, 2025 AT 17:51

    A altitude de La Paz é um fator técnico, não mágico. O que realmente diferenciou a Bolívia foi a coesão tática e a pressão psicológica aplicada por meio da organização defensiva. O Brasil, por outro lado, apresentou um modelo ofensivo fragmentado, sem transições eficientes e com excesso de individualismo. A derrota não é um acaso. É a consequência lógica de uma filosofia de jogo obsoleta.

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    Luana da Silva

    dezembro 3, 2025 AT 11:32

    La Paz. 3600m. 1 gol. 1 defesa. Fim. O Brasil tá no playoff. A Bolívia tá na história. O que mais precisa ser dito?

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    Pedro Vinicius

    dezembro 4, 2025 AT 13:03

    o futebol é uma metáfora da vida. você pode ter tudo mas se não tiver foco e coração vai perder. a bolivia não tinha nada mas tinha vontade. o brasil tinha tudo mas não tinha vontade. agora a gente vê que o que importa não é o que você tem mas o que você faz com o que tem. e o brasil fez nada

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    Mailin Evangelista

    dezembro 5, 2025 AT 03:48

    Outra derrota histórica? E daí? O que mudou? O Brasil sempre foi fraco nos jogos fora. E agora querem culpar o técnico? O time é uma bagunça. O Neymar tá desmotivado, o Vinícius não tem apoio, o Endrick é um garoto. Isso tudo é um espetáculo de fracasso. E o pior? Ninguém vai fazer nada. Só vão falar. Mais uma vez.

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    Raissa Souza

    dezembro 5, 2025 AT 06:32

    A derrota não é apenas esportiva. É civilizacional. O Brasil, que já foi referência de elegância e técnica, agora se reduz a um mero espectador de sua própria decadência. A Bolívia, por sua vez, representa a resiliência do espírito popular. O que nos resta é uma pergunta: quando deixamos de valorizar o caráter para priorizar o marketing?

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    Ligia Maxi

    dezembro 5, 2025 AT 09:31

    Eu tô aqui desde o começo da campanha e olha, eu já vi tudo. Perdemos para o Paraguai, para o Chile, para a Venezuela. E agora a Bolívia? Tudo isso é um reflexo de um país que esqueceu de educar. As crianças hoje não jogam bola na rua, jogam no console. Os pais não levam os filhos ao estádio, levam ao shopping. E o futebol? O futebol virou um produto. E produto não tem alma. E quando não tem alma, perde. Sempre. E aí? Aí a gente fica só olhando e dizendo ‘nossa, que triste’. Mas não faz nada. Porque é mais fácil reclamar do que mudar. E aí, a gente continua assim. Até o próximo choque.

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