Nada de craques contratados a peso de ouro, nem grandes nomes se unindo em busca de troféu: Thunder e Pacers resolveram remar na contramão da NBA atual. Chegaram às Finais de 2025 apostando no básico — investir em jovens, ter paciência para ver o desenvolvimento, e apostar na força do elenco como conjunto. Para muita gente, essa seria uma receita para fracassar diante de tantas equipes montando "elencos galácticos". Mas a realidade nas quadras contou outra história.
O Oklahoma City Thunder, depois de anos acumulando escolhas de draft e lapidando promessas, está colhendo os frutos dessa estratégia. O protagonista é Shai Gilgeous-Alexander, um armador que lidera o ataque com um repertório ofensivo único e frio nas horas decisivas. Acompanhando Shai, Chet Holmgren virou peça indispensável: foi o segundo escolhido no Draft de 2022 e, em pouco tempo, saiu da promessa para o status de intimidador e pontuador eficiente dentro do garrafão.
Outros nomes dão consistência à equipe: Jalen Williams e Aaron Wiggins, ambos pinçados no draft, deram um salto no desenvolvimento e garantiram suas vagas entre os titulares. E tem espaço para surpresas — Ajay Mitchell, calouro, virou queridinho da torcida por surpreender em momentos decisivos. A defesa virou marca registrada com Alex Caruso entrando como especialista, trazendo sangue frio e disciplina tática.
O segredo está no processo. O Thunder fugiu da ansiedade comum à maioria das franquias que buscam atalhos via trocas espetaculares ou contratos milionários com estrelas já consagradas. Isso permitiu construir uma identidade forte, com atletas que se conhecem, confiam no sistema e sabem ocupar bem seus espaços.
Do outro lado, o Indiana Pacers surpreende ressurgindo em sua segunda decisão de NBA — a primeira desde 2000. O projeto também passou longe do oba-oba dos bastidores. A liderança de Myles Turner, veterano com 10 anos de casa, transformou o Pacers num dos times defensivos mais sólidos da liga. Turner não brilha como astro midiático, mas entrega eficiência no que faz: proteger o aro, ajudar no posicionamento e orientar a equipe.
Se a defesa tem dono, o ataque joga de forma coletiva. Pascal Siakam, adquirido antes da temporada, encaixou perfeitamente na proposta, dando versatilidade e experiência de playoff. T.J. McConnell assume funções importantes na armação, com bom passe e leitura de jogo, enquanto outros jogadores de apoio garantem que ninguém precise carregar o time sozinho.
No fim das contas, a grande estrela da campanha dos Pacers é a profundidade do elenco e a evidente química entre os jogadores. Eles não contam com nenhum nome que brigue por MVP, mas se destacam por ter banco forte e jogadas bem trabalhadas, onde qualquer um pode decidir.
Tudo isso se refletiu na série. Depois de dois duelos equilibrados, o placar está empatado 1 a 1, o que só aumenta a expectativa pelo terceiro jogo em Indianápolis. A atmosfera promete esquentar, com os Pacers tentando tomar a dianteira e o Thunder apostando na confiança dos seus jovens para continuar quebrando paradigmas.
Quem vê o sucesso dessas duas franquias começa a encarar o velho caminho (formar em casa, desenvolver talentos, investir em cultura) como uma rota viável — e até mais charmosa — para vencer na NBA da era dos "superteams".