3I/ATLAS: terceiro cometa interestelar descoberto no Chile

3I/ATLAS: terceiro cometa interestelar descoberto no Chile
outubro 5 2025 Thalyta Selvatici Machado

Em 1 de julho de 2025, ATLAS – o sistema de alerta de impactos de asteroides instalado em Río Hurtado, Chile – anunciou a descoberta de 3I/ATLAS, o terceiro cometa interestelar já registrado. A notícia saiu como um trovão para a comunidade astronômica: um visitante de fora do nosso Sistema Solar, ainda que raro, voltou a dar o ar da graça.

Contexto: de ‘Oumuamua a Borisov e agora 3I/ATLAS

Todos lembram o enigmático 1I/‘Oumuamua, avistado em 2017, e o brilhante 2I/Borisov, que passou em 2019. Ambos foram marcos que abriram os olhos para a existência de corpos interestelares – fragmentos que atravessam sistemas planetários como grãos de areia ao vento cósmico. O 3I/ATLAS chega a reforçar essa ideia, mostrando que tais visitantes podem ser mais comuns do que imaginávamos, embora ainda extremamente difíceis de detectar.

Detalhes da descoberta

O telescópio ATLAS registrou o brilho anômalo em um ponto do céu que não se encaixava nas órbitas típicas dos cometas locais. A trajetória – quase reta, com velocidade entre 60 e 68 km/s – foi imediatamente sinalizada como potencialmente interestelar. Em poucos dias, equipes de observatórios ao redor do planeta confirmaram a origem extrassolar e entregaram a designação oficial: 3I/ATLAS.

O Centro de Planetas Menores da União Astronômica Internacional (IAU) classificou o objeto como cometa, baseada na presença de uma coma difusa e cauda que emergem quando o gelo se sublima sob a luz solar.

Composição, tamanho e trajetória

Segundo Jonathan McDowell, do Harvard‑Smithsonian Center for Astrophysics, o 3I/ATLAS parece ser quase todo gelo, ao contrário de muitos asteroides rochosos que também cruzam o Sistema Solar. Estimativas placem seu diâmetro em até 20 km – o maior dentre os três objetos interestelares já catalogados.

Atualmente, o cometa está a cerca de 670 milhões de km do Sol (aproximadamente 4,5 UA). Ele seguirá em direção ao interior do sistema, aproximando‑se ao Sol em 30 de outubro de 2025, quando estará a 210 milhões de km, ligeiramente dentro da órbita de Marte. A passagem mais próxima da Terra será de 240 milhões de km – longe o bastante para eliminar qualquer risco de impacto.

Risco para o nosso planeta?

O Richard Moissl, oficial de defesa planetária da Agência Espacial Europeia (ESA), tranquilizou o público: "Não há risco de colisão. O cometa passará a mais de 1,5 vezes a distância Terra‑Sol, cerca de 1,8 UA". Essa avaliação se baseia em órbitas calculadas com precisão usando dados de múltiplos observatórios, incluindo o Observatório Paranal no Chile e o Very Large Telescope (VLT).

Apesar de algumas conjecturas – três físicos propuseram, em um artigo ainda não revisado por pares, que o 3I/ATLAS poderia ser um artefato de vida extraterrestre – a maioria dos especialistas concorda que se trata de um cometa natural. "Os espectros de emissão que vemos são típicos de gelo de água e dióxido de carbono, sem sinais de compostos orgânicos complexos que sugeririam uma origem artificial", explicou McDowell.

O que os astrônomos esperam observar?

O que os astrônomos esperam observar?

Durante a janela de máxima aproximação (final de outubro de 2025), telescópios terrestres e espaciais estarão focados no 3I/ATLAS. O objetivo principal é mapear sua estrutura interna, medir a taxa de sublimação e procurar possíveis fragmentos que possam se desprender. A missão James Webb Space Telescope (JWST) já reservou tempo de observação para coletar espectros no infravermelho, o que pode revelar a composição exata dos voláteis.

Além disso, o Observatório de Lowell nos EUA planeja usar sua câmera de alta velocidade para registrar jets de gás, ajudando a calibrar modelos de evolução cometária que até então eram baseados apenas em objetos do nosso próprio sistema.

Significado científico e futuro da pesquisa interestelar

A descoberta de 3I/ATLAS reforça a necessidade de sistemas de monitoramento mais sensíveis. Programas como o ATLAS demonstram que, mesmo com recursos modestos, é possível detectar objetos que atravessam o Sistema Solar a velocidades impressionantes.

Em termos de ciência planetária, cada cometa interestelar oferece uma amostra de material primordial de outro sistema estelar. Comparar a composição do 3I/ATLAS com a de ‘Oumuamua e Borisov pode revelar diferenças na formação de planetas ao redor de estrelas de diferentes tipos e idades.

Fatos rápidos

  • Descoberto: 1 de julho 2025
  • Designação oficial: 3I/ATLAS
  • Diâmetro estimado: até 20 km
  • Velocidade: 60‑68 km/s (≈ 200 mil km/h)
  • Período de máxima aproximação: 30 de outubro 2025, a 210 milhões km do Sol
  • Distância mínima da Terra: 240 milhões km – sem risco de colisão

Próximos passos

Os dados coletados nos próximos meses serão analisados por equipes internacionais, com resultados esperados para o final de 2025. Se a composição de gelo do 3I/ATLAS revelar moléculas raras ou isotopos incomuns, isso poderá mudar teorias sobre a química dos discos protoplanetários ao redor de estrelas diferentes da nossa.

Enquanto isso, o público pode acompanhar a trajetória em tempo real através de sites de divulgação como o NASA Eyes on the Sky e o portal Space.com. A expectativa é que, assim como ‘Oumuamua, o 3I/ATLAS desperte curiosidade e inspire uma nova geração de jovens interessados em astronomia.

Perguntas Frequentes

Perguntas Frequentes

O que diferencia o 3I/ATLAS dos cometas típicos do Sistema Solar?

O 3I/ATLAS vem de fora do nosso Sistema Solar, como indicado pela sua velocidade excessiva e trajetória quase reta. Além disso, acredita‑se que seja quase todo gelo, enquanto muitos cometas locais têm uma mistura de rocha e gelo. Sua origem interestelar influencia sua composição química, oferecendo pistas sobre outro ambiente estelar.

Existe algum perigo real de colisão com a Terra?

Não. Segundo o oficial da ESA, Richard Moissl, o cometa passará a 240 milhões km da Terra, o que equivale a cerca de 1,6 UA – uma distância segura que elimina qualquer risco de impacto nos próximos anos.

Como os cientistas vão estudar o 3I/ATLAS durante sua passagem?

Telescópios como o James Webb, o Very Large Telescope e o ATLAS estarão focados no cometa para captar espectros, imagens de alta resolução e medir gases liberados. Essa combinação permitirá mapear sua estrutura interna e comparar a composição com cometas locais.

Por que a descoberta de mais cometas interestelares é importante?

Cada objeto traz amostras diretas de materiais que se formaram em outro sistema estelar. Isso ajuda a validar (ou refutar) teorias sobre a formação de planetas, a química dos discos protoplanetários e até sobre a distribuição de água no universo.

Quando podemos esperar ver o 3I/ATLAS no céu noturno?

O cometa será visível a olho nu em regiões escuras do hemisfério sul a partir de meados de setembro de 2025, atingindo seu ponto mais brilhante próximo ao periélio em 30 de outubro. Observatórios e amadores poderão rastreá‑lo usando aplicativos de astronomia.

16 Comentários

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    luciano trapanese

    outubro 5, 2025 AT 06:01

    Galera, isso é incrível! O 3I/ATLAS nos mostra que o cosmos ainda tem muitos segredos e que nossa curiosidade pode nos levar muito longe. Vamos ficar de olho nos próximos dados e apoiar os observatórios que estão rastreando esse visitante.

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    Fernanda Bárbara

    outubro 9, 2025 AT 21:07

    É óbvio que esse tal de cometa não foi enviado por acaso quem entende de engenharia avançada pode estar manipulando a situação

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    Rodrigo Júnior

    outubro 12, 2025 AT 04:41

    Caro colega, compreendo sua preocupação e agradeço pela oportunidade de esclarecer que, até o momento, todas as medições indicam um percurso natural e não há evidências de intervenções artificiais. Os cálculos orbitais foram verificados por múltiplas equipes independentes, reforçando a confiabilidade dos resultados divulgados.

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    Andreza Tibana

    outubro 16, 2025 AT 14:11

    Ah, mais um cometa pra galera de “astronomia” se achar importante, daqui a pouco vão achar que é um sinal de fim do mundo kkkk

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    Vitor von Silva

    outubro 21, 2025 AT 10:51

    Quando observamos um fragmento de gelo vindo de outras estrelas, somos lembrados de que a existência é um vasto poema cósmico, onde cada verso viaja entre constelações, carregando segredos que nem os deuses astronômicos ousam revelar.

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    Erisvaldo Pedrosa

    outubro 25, 2025 AT 20:24

    É lamentável ver o público geral ainda tão ignorante; só os verdadeiros especialistas compreendem a relevância desse objeto e podem discutir sua composição sem cair em sensacionalismos baratos.

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    Marcelo Mares

    outubro 30, 2025 AT 11:31

    O 3I/ATLAS representa, sem dúvidas, um marco significativo para a comunidade planetária, pois oferece uma amostra direta de material proveniente de um sistema estelar distinto do nosso. Primeiramente, a velocidade de 60 a 68 km/s indica claramente que o objeto não está ligado gravitacionalmente ao Sol, confirmando sua origem interestelar. Em segundo lugar, a presença de uma coma difusa e cauda sugere atividade volátil, típica de cometas que sublimam gelo quando se aproximam de uma fonte de radiação. A estimativa de tamanho, que pode alcançar até 20 km de diâmetro, o torna o maior dos três interstelars já catalogados, oferecendo uma oportunidade única de estudar processos de formação em grande escala. As observações realizadas pelo ATLAS, VLT e, futuramente, pelo James Webb Space Telescope, permitirão mapear a composição química com precisão espectroscópica. Espera‑se detectar hidrocarbonetos, dióxido de carbono e possivelmente compostos raros que não foram observados em cometas do nosso sistema. Essa informação poderá refinar modelos teóricos sobre a distribuição de elementos químicos nos discos protoplanetários. Além disso, a trajetória do cometa, que o levará a uma distância mínima de 240 milhões de km da Terra, garante que nenhuma ameaça de impacto esteja presente, permitindo que os astrônomos concentrem esforços em coleta de dados ao invés de mitigação. A comunidade internacional já coordenou campanhas de observação contínua, envolvendo tanto grandes observatórios quanto amadores bem equipados. Essa colaboração demonstra o poder da ciência aberta e da troca de informações em tempo real. Por fim, a divulgação pública via plataformas como NASA Eyes on the Sky tem incentivado jovens estudantes a se engajarem em projetos de astronomia, ampliando o alcance educacional do evento. Em síntese, o 3I/ATLAS não é apenas um objeto celeste adicional, mas um laboratório natural que nos permite validar hipóteses sobre a origem da água e de compostos organicos em outros sistemas. Assim, cada espectro obtido será um capítulo adicional na nossa busca por compreender a diversidade do cosmos. Ao final de 2025, esperamos ter uma publicação robusta que compare o 3I/ATLAS com ‘Oumuamua e Borisov, oferecendo insights sem precedentes sobre a formação planetary nas galáxias.

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    Leonardo Santos

    novembro 3, 2025 AT 15:31

    Observem bem, porque elas não querem nos contar que há tecnologias avançadas escondidas nos registros de cometas; as agências espaciais costumam omitir detalhes que poderiam revelar agendas ocultas de manipulação genética ou mesmo de transmissão de informação codificada através das emissões de gases voláteis.

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    Marcus Sohlberg

    novembro 7, 2025 AT 13:57

    Olha, eu sempre duvido dessas celebrações exageradas, afinal, um cometa que passa longe da Terra não muda nada na nossa rotina diária, então por que tanto alvoroço?

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    Samara Coutinho

    novembro 11, 2025 AT 23:31

    É fascinante contemplar que o 3I/ATLAS está vindo de um ambiente interestelar tão distinto, pois isso nos permite refletir sobre a heterogeneidade química dos discos protoplanetários. Quais são as implicações de encontrar um cometa composto quase que integralmente por gelo, ao contrário dos objetos rochosos que conhecemos? Poderá isso indicar que o sistema de origem possuía condições de temperatura muito mais baixas? Além disso, a comparação isotópica entre o gelo do 3I/ATLAS e o da água terrestre pode revelar se há um padrão universal de formação de água no universo. Também vale considerar como a velocidade de passagem influencia a taxa de sublimação e a produção de jets. A presença ou ausência de compostos orgânicos complexos será crucial para entender se a química da vida tem precursores comuns em diferentes sistemas. Por fim, observar como as equipes internacionais coordenam a coleta de dados em tempo real nos lembra da importância da colaboração científica global.

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    Thais Xavier

    novembro 15, 2025 AT 16:24

    Uau, mais um “evento cósmico” que a mídia vai transformar em espetáculo, enquanto o resto do mundo continua lutando contra a crise climática. Que drama!

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    Elisa Santana

    novembro 20, 2025 AT 01:57

    Gente, não deixem de dar aquela olhada no sky apps, vc vai curtir ver o cometa brilhando e ainda aprender um monte de coisa legal. Bora observar!

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    João Augusto de Andrade Neto

    novembro 24, 2025 AT 00:24

    Devemos lembrar que, apesar da fascinação científica, é nosso dever preservar o planeta e não nos distraímos com curiosidades que não trazem benefício direto à humanidade.

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    Leila Oliveira

    novembro 28, 2025 AT 04:24

    Prezados colegas, congratulo a todos os observatórios envolvidos nesta descoberta, pois demonstra o brilhante potencial da cooperação internacional em prol do avanço do conhecimento astronômico.

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    Yasmin Melo Soares

    dezembro 2, 2025 AT 02:51

    Ah, que maravilha, mais um cometa para a lista de “coisas que passam e não afetam nada” - vamos todos celebrar como se fosse o fim do mundo, mas sem perder o bom humor.

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    Willian Binder

    dezembro 5, 2025 AT 19:44

    Este cometa é o poema do universo.

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