O julgamento que deveria trazer um desfecho para o caso de Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e seus pais em 2019, foi postergado mais uma vez, deixando familiares e a comunidade ainda sem respostas concretas. A anulação do julgamento ocorreu no dia 10 de outubro de 2024, após Cupertino tomar a decisão inesperada de dispensar seu advogado, Alexander Neves Lopes, fato que exigiu a interrupção dos procedimentos legais que já estavam em andamento, gerando frustração e perplexidade no tribunal do Fórum Criminal da Barra Funda em São Paulo.
A sessão, que teve início às 15h30, foi interrompida abruptamente por volta das 19h30, deixando em aberto a continuidade do caso. O Juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, responsável pelo caso, deverá agendar um novo júri em uma data que ainda não foi definida. Esse atraso traz à tona o prolongamento de um caso que já ultrapassa cinco anos desde os assassinatos cometidos no bairro da Pedreira.
Desde o início, Paulo Cupertino tem negado veementemente as acusações impostas contra ele. A linha de defesa, até então coordenada por Lopes, argumenta que as imagens que supostamente o mostrariam na cena do crime não são suficientes para comprovar que ele foi o autor dos disparos fatais. Cupertino se defende dizendo que fugiu do local com medo e que outra pessoa seria a verdadeira autora dos homicídios. A estratégia passaria por apresentar teorias alternativas que minimizassem a sua pena, mas a abrupta mudança de rumo ao dispensar seu defensor pode ter desfeito partes desse planejamento.
A decisão de Cupertino pegou não somente sua equipe de defesa, mas também a acusação e o público de surpresa. O Tribunal de Justiça confirmou a demissão do advogado através de sua assessoria, mas os motivos para tal decisão ainda não foram esclarecidos. Em um caso de tamanha complexidade e impacto midiático, os fatores e motivações por trás deste movimento são especulativos, mas certamente influenciarão o clima e ritmo do novo processo.
Relembrando o caso, os assassinatos chocantes ocorreram à luz do dia em frente à casa da família Miguel, quando Rafael, seus pais João e Miriam foram alvejados e mortos em um aparente ato de fúria e vingança, que, segundo as teorias da acusação, teria sido motivado por um relacionamento entre Rafael e a filha de Cupertino. O fato gerou grande comoção pública tanto pelos envolvidos como pela brutalidade do ato.
Cinco anos se passaram desde o evento trágico, e Cupertino permaneceu foragido durante grande parte desse tempo, evitando a justiça até ser finalmente capturado. Durante seu período de fuga, surgiram diversas especulações e investigações paralelas sobre possíveis cúmplices, o que adicionou camadas de complexidade ao caso.
Além de Cupertino, existem mais dois réus no caso, Eduardo e Wanderley, ambos acusados de auxiliarem na fuga e ocultação de Cupertino pós-crime. Segundo a defesa de Eduardo, conduzida por Mario Bernardes de Oliveira, ele é inocente das acusações, alegando que seu cliente desconhecia os planos de Cupertino para se esconder e que apenas o ajudou a procurar um advogado no dia após o crime. Apesar da defesa convicta em relação à inocência de Eduardo, as acusações sobre envolvimento direto ou indireto são fatos que ainda precisam ser esclarecidos.
Wanderley, que também figura entre os acusados, não teve atualizações dos seus advogados, que preferiram não comentar o caso durante esta fase do julgamento. A participação ou não desses indivíduos ainda deverá ser explorada quando o julgamento for retomado.
Os adiamentos e mudanças recentes apenas adicionam incertezas em um processo que já transcende a mera busca por justiça: trata-se de trazer um pouco de paz para os que ficaram, reviver as lembranças de uma tragédia e refazer os passos para talvez compreender melhor o quem e o porquê de um ato tão brutal e devastador para as famílias e amigos de Rafael Miguel e seus pais.