Quando Abel Ferreira, técnico da Sociedade Esportiva Palmeiras desembarcou em Quito na tarde de 22 de outubro de 2025, a missão ficou clara: vencer o que os torcedores chamam de "palco de terror dos brasileiros". O duelo está marcado para 23 de outubro, às 21h30 (horário de Brasília), no Estadio Rodrigo Paz Delgado, a mais de 2.700 metros de altitude.
Desde que a Palmeiras começou a trilhar o caminho da Libertadores, a altitude sempre foi um fator decisivo. Em 2021, o clube sofreu a única derrota em alta escala contra o Bolívar, em La Paz (3.600 metros), quando poupou titulares para o Campeonato Paulista. Mas a história recente mostra um padrão diferente: vitória sobre o Bolívar (3‑2) em 2025, triunfos perfeitos contra Sporting Cristal (Peru) e Universitario (Peru), além do sucesso contra o Cerro Porteño (Paraguai). No total, cinco vitórias e apenas uma derrota em seis partidas acima de 2.500 metros.
O Núcleo de Saúde e Performance da Palmeiras tem um protocolo bem definido: voo até Quito dois dias antes, treino leve no primeiro dia e sessão de ativação no segundo. No dia 22, a delegação — 24 atletas, comissão técnica e equipe médica — realizou um aquecimento matinal, seguido de um treino no Centro de Treinamento da Seleção do Equador. A ideia, segundo o fisiologista da equipe, é “sentir a bola, o ar, o ritmo, antes que o jogo seja”.
Os monitores de oxigênio mostraram saturação média de 92 % nas primeiras horas, um nível que, embora abaixo do normal ao nível do mar, é considerado seguro para atletas bem aclimatados. Hidratação intensiva, suplementação de ferro e sessões de recuperação com crioterapia completam a estratégia. Altitude pode reduzir a capacidade aeróbica em até 15 %, mas o Palmeiras tem conseguido compensar esses números com tática e preparo físico.
Enquanto o time se acostuma com o ar rarefeito, Abel Ferreira já indicou a formação titular, mas ainda hesita entre Bruno Fuchs e Murilo Cerqueira. O último jogo contra o Flamengo, no Maracanã, viu Fuchs perder duelos e conceder pênalti; já Murilo tem mostrado solidez nas duas últimas partidas. A decisão será crucial, pois a defesa precisa lidar com os cruzamentos longos que a altitude favorece.
O provável XI tem: Gustavo Gómez (goleiro), Khellven (lateral‑direito), Gómez (zagueiro argentino), Fuchs/Murilo (zagueiro central), Piquerez (zagueiro argentino), Aníbal Moreno, Andreas Pereira, Mauricio, Felipe Anderson, Flaco López e Vitor Roque. O ataque será comandado pelos dois brasileiros, mas a criatividade dos argentinos pode ser o diferencial.
O primeiro jogo da semifinal promete lotar o Estadio Rodrigo Paz Delgado. Dos 30.000 ingressos destinados aos torcedores da LDU, todos foram vendidos dias antes, a partir de US$ 46 (cerca de R$ 247). Para a torcida palmeirense, restam 1.400 dos 2.000 ingressos disponíveis; até a noite de 21 de outubro, já haviam sido vendidos 600, a US$ 62 (aprox. R$ 333).
O fluxo de caixa extra ajuda o clube a equilibrar os custos de viagem, hospedagem e o programa de adaptação. Além disso, a visibilidade internacional traz patrocínios temporários — a Adidas já renovou a parceria para a fase decisiva, garantindo bônus de performance.
Se o Palmeiras garantir vantagem no placar, o segundo duelo será disputado no Allianz Parque, em São Paulo, no dia 30 de outubro. A arena, que comporta cerca de 45 mil torcedores, será palco de um confronto que pode definir o caminho para a final da Libertadores — a primeira vez que o clube chega a três semifinais nos últimos cinco anos.
Os analistas de futebol apontam que, independentemente do resultado, a estratégia de adaptação a altitude da Palmeiras será estudada por rivais e clubes de países andinos. “É um modelo de ciência do esporte aplicado ao futebol de alto nível”, afirmou o professor de fisiologia Roberto Souza, da Universidade de São Paulo.
Em altitudes acima de 2.500 metros, o ar contém menos oxigênio, reduzindo a capacidade aeróbica e acelerando a fadiga muscular. O coração precisa bombear mais sangue para compensar, o que pode diminuir a velocidade de recuperação entre sprints. Por isso, equipes como a Palmeiras chegam dias antes para aclimatação e monitoram saturação de oxigênio, hidratação e carga de treinamento.
A tendência é um 4‑3‑3 com: Gustavo Gómez no gol, laterais Khellven e Gómez, zagueiros Murilo (ou Bruno Fuchs) e Piquerez, meio‑campo formado por Aníbal Moreno, Andreas Pereira e Mauricio, e ataque com Flaco López, Vitor Roque e Felipe Anderson.
Do total de 2.000 ingressos destinados aos visitantes, restam cerca de 1.400 vagas. O preço está fixado em US$ 62 (aprox. R$ 333), e a demanda tem sido alta, com 600 unidades já vendidas até 21 de outubro.
Vencer a primeira partida em Quito dá ao Palmeiras a vantagem estratégica de decidir a final em casa, no Allianz Parque. Além do aspecto esportivo, a vitória reforça a credibilidade do método de adaptação a altitude, que pode ser reproduzido em futuros compromissos em La Paz ou Bogotá.
Analistas de Fox Sports apontam um placar apertado, com vantagem mínima para o Palmeiras (2‑1). A diferença deve vir da eficiência nas bolas paradas e da capacidade de manter a intensidade nos últimos 20 minutos, quando a falta de oxigênio costuma afetar mais o time visitante.
Marcos Stedile
outubro 22, 2025 AT 19:25Eu sempre me pergunto se a tal altitudde em Quito não é, na verdade, um truque de alguma federação secreta, um plano maquiavélico para desfazer a confiança dos times brasileiros; eles chegam, todo empolgados, e de repente o ar rarefeito rouba a força dos nossos jogadores, como se fosse uma espécie de gás da dominação mundial... A ciência do esporte? Pode até ser, mas quem garante que não há chips invisíveis nos uniformes que regulam a saturação de oxigênio? Na minha humilde opinião, o Palmeiras está entrando num jogo de xadrez onde a primeira jogada já está feita contra eles.
Daniel Oliveira
outubro 27, 2025 AT 10:32Embora a narrativa oficial celebre a preparação meticulosa da delegação palmeirense, é imprescindível analisar a situação sob uma ótica mais racional e menos sentimental. Primeiro, a altitude de Quito, embora reconhecidamente desafiadora, não constitui um obstáculo intransponível para equipes bem estruturadas. Segundo, os dados fisiológicos mostrados no artigo indicam níveis de saturação que permanecem dentro de margens aceitáveis para atletas de elite. Terceiro, a estratégia de aclimatação adotada, com chegada dois dias antes, segue protocolos já testados em outras competições sul‑americanas. Quarto, a escolha entre Bruno Fuchs e Murilo Cerqueira, embora relevante, não deve ser hiperbolizada, pois ambos apresentam histórico de desempenho sólido em situações de pressão. Quinto, a presença de jogadores como Gustavo Gómez e Piquerez traz estabilidade defensiva que pode compensar eventuais lapsos de resistência. Sexto, a performance ofensiva de Vitor Roque, Felipe Anderson e Flaco López tem sido consistente, independentemente de condições de oxigênio. Sétimo, a preparação psicológica, frequentemente subestimada, será crucial para manter a concentração nos momentos finais da partida. Oitavo, o fator torcida, ainda que limitado, pode influenciar positivamente o moral do grupo. Nono, a análise de risco financeiro, discutida na seção de implicações, demonstra que o clube tem recursos para arcar com possíveis imprevistos. Décimo, a experiência acumulada nas últimas temporadas, com vitórias em altitudes semelhantes, indica um aprendizado institucional que não pode ser desprezado. Décimo‑primeiro, o elenco possui profundidade suficiente para suplir eventuais lesões ou fadiga inesperada. Décimo‑segundo, o corpo técnico, liderado por Abel Ferreira, demonstrou capacidade de ajustes táticos em tempo real. Décimo‑terceiro, a tecnologia de monitoramento de oxigênio, citada no texto, tem avançado consideravelmente nos últimos anos, reduzindo riscos. Décimo‑quarto, o clima de Quito, com temperaturas amenas, pode favorecer uma maior retenção de calorias e, consequentemente, um melhor desempenho aeróbico. Por fim, todas essas variáveis convergem para a conclusão de que o Palmeiras não está em desvantagem intrínseca, mas sim bem equipado para enfrentar o chamado “palco de terror”.